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Detectados agrotóxicos na chuva em cidades do interior paulista

Segunda-feira, 28 de abril de 2025
Última modificação: Segunda-feira, 28 de abril de 2025

Fonte: adaptado de Gonçalves, M. F. (2025)

Estudo divulgado na revista Chemosphere revelou que a água da chuva nas cidades de Brotas e Campinas, no interior de São Paulo, bem como na capital São Paulo, estão contaminadas com agrotóxicos. Os dados do estudo corresponderam a um período de 36 meses, entre os anos de 2019 e 2021.

Foram detectados 14 agrotóxicos e cinco compostos derivados, com destaque para o herbicida atrazina (Figura 1a) , presente em 100% das amostras, e o fungicida carbendazim (Figura 1b), proibido no Brasil, mas ainda encontrado em 88% do material coletado.

Figura 1 – Fórmulas estruturais do (a) herbicida atrazina e do (b) fungicida carbendazim

(a)
(b)

Segundo o estudo, quando aplicados nas lavouras, parte dos agrotóxicos se dissipa na atmosfera, influenciados pela temperatura, ventos e umidade do ar. Consequentemente, essas substâncias podem se vincular às gotas de chuva e retornar ao solo, contaminando corpos d’água distantes das plantações que receberam os agrotóxicos.

Apesar de as concentrações não ultrapassarem os limites permitidos para a água potável no Brasil, parte das substâncias detectadas não tem padrões de segurança estabelecidos, ou seja, não há indicadores de concentração segura. Além disso, a exposição crônica a baixas doses pode causar danos à saúde humana e à vida aquática.

Destaca-se que o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo, utilizando 70% a mais do que o segundo colocado, os Estados Unidos. As lavouras de soja, cana-de-açúcar, milho e algodão são as que mais recebem esses produtos, sendo regadas com aproximadamente 83% do total comercializado no país. Vários deles já são banidos na União Europeia, que possui leis mais rígidas e baseadas em evidências científicas, mas seguem em uso no Brasil.

Nesse cenário, os resultados obtidos nos estudos preocupam por vários motivos, entre eles o aumento do consumo de água da chuva pelas populações humanas em decorrência da restrição hídrica cada vez mais frequente. A ausência de regulamentação para muitos dos agrotóxicos encontrados nas amostras coletadas em Brotas, Campinas e São Paulo indica que o risco desse consumo pode estar subestimado.

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