Prêmio Nobel de Química 2024
Sexta-feira, 11 de outubro de 2024
Última modificação: Sexta-feira, 11 de outubro de 2024
Desvendando a química das proteínas
Na manhã de quarta-feira (09), a Academia Real das Ciências da Suécia anunciou os vencedores do Prêmio Nobel de Química de 2024. O prêmio foi concedido ao trio composto elos pesquisadores David Baker, Demis Hassabis e John Jumper, em reconhecimento ao seu trabalho inovador na decifração dos segredos das proteínas utilizando computação e inteligência artificial (IA).
Baker e Jumper, ambos estadunidenses, se juntaram ao britânico Hassabis, fundador da empresa que deu origem ao Google DeepMind. O prêmio totaliza 11 milhões de coroas suecas (aproximadamente R$ 5,8 milhões), que serão divididos igualmente entre os laureados.

David Baker (esq.), Demis Hassabis (meio) e John Jumper (dir.) (Imagem: Niklas Elmehed/Nobel Assembly)
Construindo novas proteínas: a visão de David Baker
David Baker conquistou um feito extraordinário: a criação de novos tipos de proteínas a partir do zero. Imagine desenvolver ferramentas moleculares personalizadas para diversas aplicações! Baker e sua equipe utilizam os 20 aminoácidos, que são os blocos de construção da vida, para projetar proteínas inovadoras. Essas proteínas artificiais têm o potencial de transformar a medicina, a nanotecnologia e outras áreas, funcionando como novos medicamentos, vacinas, nanomateriais e sensores miniaturizados.
Predizendo estruturas de proteínas: a revolução da IA de Hassabis e Jumper
Por décadas, prever a estrutura tridimensional de uma proteína a partir de sua sequência de aminoácidos foi um grande desafio. A estrutura de uma proteína é fundamental para sua função, e compreendê-la é vital para desvendar os mecanismos da vida. Demis Hassabis e John Jumper, com seu modelo de IA AlphaFold2, alcançaram um avanço notável. Em 2020, apresentaram ao mundo uma ferramenta capaz de prever a estrutura de praticamente todas as 200 milhões de proteínas conhecidas pela ciência. O AlphaFold2 já é utilizado por mais de dois milhões de pessoas em 190 países, impulsionando pesquisas em diversas áreas, desde o combate à resistência a antibióticos até o desenvolvimento de enzimas que degradam plástico.
Um impacto imensurável para a humanidade
Segundo o comitê do Nobel, “os químicos há muito sonham em entender e dominar completamente as ferramentas químicas da vida – as proteínas. E esse sonho agora está ao nosso alcance”.
A capacidade de prever estruturas de proteínas e projetar novas proteínas sob medida tem um potencial transformador para a humanidade. As proteínas são a base da vida, e essas descobertas abrem portas para inúmeras aplicações, desde o desenvolvimento de novos medicamentos e terapias até a criação de materiais inovadores e soluções para problemas ambientais. O Prêmio Nobel de Química de 2024 reconhece a importância fundamental dessas descobertas e celebra o incrível poder da ciência para desvendar os segredos da vida e melhorar o mundo ao nosso redor.
E qual é a importância das proteínas?
As proteínas são fundamentais para a vida, desempenhando papéis essenciais em quase todos os processos celulares. Sua importância pode ser resumida em três aspectos:
1. Diversidade de Funções: As proteínas são moléculas versáteis que desempenham diversas funções:
- Estrutura: Formam a base de células, tecidos e órgãos, como colágeno e queratina .
- Catálise: Enzimas, proteínas especializadas, aceleram respostas químicas, otimizando o metabolismo.
- Transporte: Algumas proteínas, como a hemoglobina, transportam substâncias no corpo.
- Defesa: Anticorpos são proteínas que protegem nosso organismo contra patógenos.
- Regulação: Hormônios, que são proteínas, transmitem sinais e regulam processos fisiológicos.
2. Versatilidade: a diversidade enorme de funções ocorre porque a sequência de aminoácidos numa proteína determina sua estrutura tridimensional única, que por sua vez determina sua função. E existe uma grande variedade de sequências possíveis;
3. Essencialidade: muitas proteínas são essenciais para a vida, o que significa que o organismo não consegue produzi-las e precisa obtê-las por meio da alimentação. Por isso, a falta de proteínas na dieta pode levar a diversas doenças e deficiências.
Informações baseadas em:
Olhar Digital
Folha de São Paulo
G1